Poderia me imaginar no dia de amanhã sentada numa cadeira de balanço, tricotando e admirando o canto do sabiá. Também poderia me imaginar sentada à beira de uma bela cachoeira tomando água de coco e escutando o assobio do vento, é como se o vento tentasse me dizer alguma coisa, como se fosse um desabafo, um apelo. É muito fácil pensar no dia de amanhã, o futuro nos deixa extasiados. É uma novidade, são objetivos, são sonhos que serão realizados, são coisas que sonhamos para nós mesmos uma vida inteira. E o passado? "Ontem eu fui na praia, corri pela areia molhada, senti o vai-e-vem das ondas, sentei debaixo de um coqueiro e assisti como se fosse um filme o pôr-do-dol". Estamos sempre relembrando o ontem e imaginando o amanhã. O ontem foi vivido com intensidade, aprendemos coisas novas e seguimos em frente, o amanhã será uma novidade, também aprenderemos coisas novas e também seguiremos em frente. Mas e o hoje? O presente é o AGORA! O que passou ficou para trás, e o amanhã não nos pertence. Temos essa mania estranha de imaginarmos o amanhã, é como se pudéssemos controlá-lo e o passado é como se pudéssemos vivê-lo novamente. O agora é consequência do ontem, e o amanhã dependerá de como vivermos o hoje. É tudo tão simples, mas complexo. O hoje se não vivido com amor, com prazer, com intensidade, acarretará consequências para o amanhã. Então, fazer do agora um momento feliz, fazer do agora um momento prazeroso, plantar e colher, criar regras e segui-las (ou não), estaremos contribuindo para o amanhã e o ontem fez com que o nosso hoje valesse realmente a pena.
"Às vezes tudo se ilumina de uma intensa irrealidade, e
é como se agora este pobre, este único, este efêmero instante do mundo
Estivesse pintado numa tela, Sempre..."
Mário Quintana
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