terça-feira, 27 de abril de 2010

Não cobre tanto de si mesmo!

Tem momentos que tenho vontade de gritar, mas gritar tão alto que a minha voz não consiga suportar; tem momentos que gostaria de ser mais forte. Sei que tudo que acontece é porque tem que ser, temos um plano de vida. Sou forte por fora, mas meu coração está morrendo por dentro, grita tão enlouquecidamente que parece que estou na beira de um colapso e que nada do que se passa terminará. Queria parar de chorar, não chorar nunca mais nessa vida, mas se isso acontecesse sei que perderia um pouco da minha essência, afinal sempre fui chorona e chorar faz bem para a alma. É uma forma de colocarmos tudo para fora, sem precisar falar ou explicar, me sinto muito bem inclusive, quando choro. Há momentos que somos tão fortes, que nós mesmos não acreditamos o tamanho da nossa força e perseverança. Mas em compensação existem aqueles momentos que a única vontade que temos é de jogar tudo para o alto, desistir de tentar ser cada vez melhor; melhor estudante, melhor pessoa, melhor filha, melhor namorada. Sinto que cobro muito de mim mesma e sei que muitos se cobram também, e quando as coisas fogem do NOSSO controle desesperamos tanto que não conseguimos pensar em mais nada. Nesses momentos, nesses dias o melhor a fazer é ter paciência, descobrir o que nos faz bem e tentar distrair, quanto mais pensarmos nas situações e circunstancias, mais alimentaremos esse sentimento de culpa, de raiva ou até coisa pior. Se dormir te faz bem, durma. Se ouvir música no volume alto relaxa, ligue o som agora. Se desabafar com um amigo é tranqüilizante, desabafe. De vez enquando, devemos fazer coisas "proibidas", coisas que fujam de nosso hábito e de nossa rotina. Mas, sem sentimento de culpa e sim como se representasse a nossa liberdade, um aviso que podemos ser felizes fazendo coisas diferentes, criando e absorvendo inovações, ser livres! Só aprenda que nem tudo depende de nós, portanto, que façamos a nossa parte que seremos reconhecidos, mas claro, sem cobrar demais de si próprio. Faça porque precisa ser feito, mas sem cobranças e tensões, faça como se fosse distração e até mesmo uma grande diversão.

Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.
Cecília Meireles

terça-feira, 13 de abril de 2010

O que é realmente nosso, não se vai para sempre!

Assim como eu, várias pessoas disseram essas palavras, "Nada da certo para mim", "tudo o que eu quero fica cada vez mais distante", "Por que tudo tem que acontecer comigo?" fui até mais longe, achei que era perseguição e disse que era o meu carma não conseguir nem as coisas simples que muitos conseguem. Mas, tudo isso é questão de tempo e paciência, pode ser que não dê certo agora, mas daqui a um tempo dará, e como dará! Parece que Deus está nos testando, vendo o quanto queremos e o quão longe iremos pelo o nosso objetivo. Não podemos é desistir, a caminhada pode ser árdua, terá vários obstáculos no decorrer dela, mas atravessaremos o caminho e chegaremos do outro lado, (e vivos, garanto). Precisei que muitas coisas não saíssem do jeito que eu queria, mas hoje tive a notícia mais feliz e empolgante da minha vida! É o que eu queria ou pedia não chega nem aos pés do que me aconteceu, e olha que o que aconteceu não planejei como os demais. Então digo e repito quantas vezes forem preciso, o que é nosso virá, pode até demorar, mas, virá. Então não chore, desespere ou desista dos seus sonhos e objetivos, podemos ouvir muitos "não" durante a nossa caminhada, mas um dia agradeceremos por muitos deles, pois, se aquilo tivesse dado certo, o que era pra ser nosso não chegaria. É complicado? É triste? É sim! Mas superei tudo isso, assim como ele superou, ela vai superar e você está quase superando. Nada é de mão beijada, tudo vem por luta e muito esforço e dedicação, não se compare com os demais. (“fulano conseguiu, porque eu não?”) Pense que porque não era a hora certa, o que é nosso está por vir, e será muito maior! Tente quantas vezes forem preciso, vá à luta, se cair levante, o que é seu está por vir, e pode ter certeza irá te surpreender, você nem imagina o bem que te fará realizar na hora certa, no momento certo, no lugar certo e em alguns casos com a pessoa certa.

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se tem, ou que os seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vais ser alguém...
Renato Russo

terça-feira, 6 de abril de 2010

Minha missão não acabou, está é começando!


Sentia falta de dias assim em que eu dançava conforme a música, dias em que sentia prazer de viver, dias em que as coisas caminhavam conforme deveriam. Ah, como é bom sentir esse alivio lá no fundo, da até um friozinho na barriga, me da vontade de sorrir a toa. Podem falar, quando as coisas acontecem do jeito que gostaríamos que fosse não é bom? É bom sim, e bota bom nisso! Não brigar com o namorado pela milésima vez, não desentender com um amigo próximo, tirar aquela nota desejada naquela prova super complicada, sair e distrair, respirar novos ares, conhecer gente nova! Isso é viver, isso sim é ter o prazer em viver. Mas, faz parte da vida os desafios, os medos e as angústias, afinal, sem os obstáculos não teríamos a chance de crescer; É crescendo e aprendendo com os erros e as dificuldades, como dizem "Quando Deus fecha uma porta, ele pode estar abrindo uma janela". Então viva como se o amanhã não fosse existir e como se o ontem já não tivesse grande importância. Sinta as coisas belas da vida, a vida não é feita apenas de pedras no caminho, sentir a brisa do vento sobre o nosso rosto, o sol batendo pela fresta da janela da manhã, o perfume de uma flor, um abraço amigo, um beijo carinhoso, ou simplesmente um “Bom dia” logo ao acordar, isso tudo também é viver. Temos muitas coisas boas pelo o caminho, só não desista de um dia poder sentir o gostinho de querer mais, o gostinho de dançar conforme a música. Viva intensamente, não importa a sua idade, se está acompanhado ou sozinho, se teve que deixar algo para trás, se está muito longe... apenas abra um espaço para o prazer de viver, não desista dos seus sonhos, você está vivendo e a sua missão ainda não acabou.

O segredo é não correr atrás das borboletas, é cuidar do jardim para que elas venham até você.
Mário Quintana

Pertencer!

Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança.
Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!

Clarice Lispector